Não te vejo de azul, Virgem Mariaverdana;Hirta no andor, com vestes de cetim,
Cabelos de oiro, olhar de alegoria...Perdão, Senhora, não te vejo assim
Não te vejo no altar, parada e fria,Entre eflúvios de incenso e de jasmim
E aos pés anjinhos de oleografia....Não és, Senhora, nunca foste assim.
Não te vejo entre nuvens cor-de-rosaVejo-te, sim, humana e dolorosa,
Na terra, entre os mortais, os pecadores,
Pés em chaga na poeira dos caminhos,Sangrando em cada dedo um anel de espinhos
E em cada passo a dor das sete dores.
Fernanda de Castro (Poetisa portuguesa - 1900-1994)
sábado, 4 de abril de 2009
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