Em toda a nossa herança
Tu és a melhor jóia, Senhora e mãe nossa.
À volta da tua figura,
Ao longo dos tempos,
Foram aparecendo igrejas, mosteiros, imagens,
Reflexos longínquos da luz do teu rosto.
Os artistas derramaram a sua arte e a sua ternura,
Mas sempre souberam que ficavam muito aquém.
Se prosseguiram e continuaram talhando a tua figura,
Pensando que, talvez, à força de Te imaginarem,
Chegariam, um dia, a copiar a tua beleza.
Mas sempre ficarão a meio do caminho.
Tentavam copiar-Te em todos os estilos,
Mil vezes desenharam o sorriso de teus lábios,
Em teus olhos puseram toda a luz do mundo,
Mas, por fim, caíram a teus pés soluçando.
E só então se aperceberam
Que não eram suas goivas que te esculpiam,
Que nunca na terra conseguiriam os homens
esboçar a tua formosura.
Que apenas crescias dentro do seu coração.
Por isso, esta herança,
Estes milhares de imagens que de ti nos ficaram,
Não valem pela arte que os séculos nos deixam,
Senão pelo carinho dos que a Ti rezaram.
É esta a nossa herança:
O amor que cruzou os séculos, a teus pés,
E que hoje continua em nós.
Deixa que nos sintamos justamente orgulhosos
Desta preciosa herança.
E faz com que, ao mesmo tempo,
Sejamos responsáveis
Por continuarmos a guardar este tesouro,
Este duplo tesouro:
As tuas quatro mil imagens
E o profundo amor de que todas nasceram.
José Maria Martin Descalzo
Imagem Barroca de Nossa Senhora da Ajuda, da igreja com o mesmo nome, em Guapimirim.
Foto de 24/6/2012
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